POR | Para quem não me conhece proximamente deve parecer no mínimo curioso abordar temas tão aparentemente distantes como Psicoterapia, Yoga, Mindfulness e Bordado. Nem eu saberia descrever as diversas e múltiplas formas como estas propostas se entrelaçam. Convidei pessoas que respeito a registrar suas impressões e o leitor deve exercer sua liberdade em fazer as conexões. Ou não.
ESP | Para quien no me conoce de cerca, podrá parecerle como mínimo curioso que aborde temas aparentemente tan distantes como Psicoterapia, Yoga, Mindfulness y Bordado. Ni yo sabría describir las diversas y múltiples formas en que estas propuestas se entrelazan. Invité a diferentes personas a quienes respeto a registrar sus impresiones y el lector puede ejercer su libertad para hacer las conexiones. O no.
Como psicoterapeuta venho acompanhando pessoas diversas ao longo de três décadas, seguindo as suas vidas, que se desenrolam por fases, em ciclos. Até aí, nenhuma novidade! Em alguns momentos a mudança se instala. Quando isso acontece, há sinais evidentes, sinais esses que o leitor certamente vai identificar: um certo desconforto, dúvidas, o que se faz parece insuficiente, e por ai vai. Ai está! É uma nova situação, hora de mudar. Mas, se é tão óbvio, a situação não deveria ser mais fácil de aceitar? Ficamos agitados, irritados, reclamamos, parece ser algo que não deveria acontecer (vejam bem, não estou me excluindo). Quero refletir um pouco sobre isso: noto que em algum momento, “abraçamos” impropriamente a idéia que poderíamos viver com uma solução única, tal vez duas, que vales sem para tudo e sempre. Quem dera... Aprendemos a temer as mudanças, porque desconfiamos que, ao mudar, estamos constatando que o que fomos e fizemos será descartado. Penso que a perspectiva mais correta e construtiva de mudança seja REINVENTAR-SE. REINVENTAR-SE, muitas vezes é mudar o foco, como alguém que é conhecida por fazer brigadeiros deliciosos e passa a explorar comercialmente este talento. Seria redimensionar uma paixão? Talvez. REINVENTAR-SE seria acrescentar emoções, informações, interesses. Saber um pouco mais sobre si mesmo e os outros, ampliar comportamentos e atitudes, descobrir-se, e ao fazer tudo isso dá-se uma ordem diferente. Sem ilusões... REINVENTAR-SE dá trabalho. As vezes temos que abrir mão de algumas coisas. Mas podemos e devemos nos lembrar que já fomos há um tempo atrás uma criança com um entusiasmo borbulhante ao aprender a ler. Esclareço que o processo de aprendizagem, ese conceito tão imponente, não se atém apenas a asuntos acadêmicos; é um processo a nossa disposição todo o tempo. Tudo isso é REINVENTAR-SE. O convite é para que abracemos ese processo com um pouco de coragem e um mínimo de entusiasmo. Pode reclamar, é claro. Porque a necessidade de mudanças se impõe, os ciclos se fazem sem pedir licença. Isso é que eu faço. É o meu trabalho como psicoterapeuta: acompanhar, esclarecer, contribuir ajudando a abrir portas para as mudanças. Porque elas se dão.
... Mindfulness, em geral, é um convite para nós familiarizarmos mais com nosso corpo, mente, coração e vida, prestando atenção de modo mais sistemático, novo e amoroso- e assim descobrindo dimensões importantes da nossa própria vida que, por alguma razão, tenham sido ignoradas até agora. Prestar atenção de maneiras novas é uma coisa muito saudável e potencialmente curativa de fazer. No entanto, como veremos, não se tratar realmente de fazer alguma coisa, ou de chegar a algum lugar. Trata-se muito mais de ser –de se dar permissão para ser o que você já é e descobrir a inteireza e o vasto potencial dessa abordagem... A verdadeira aventura é, e sempre foi, a nossa vida inteira... A pratica da atenção plena tem potencial de se tornar uma companhia e um aliado para a vida inteira.
Do livro VIVER A CATÁSTROFE TOTAL, de Jon Kabat-Zinn
... Mindfulness, en general, es una invitación para familiarizarnos más con nuestro cuerpo, mente, corazón y vida, -prestando atención de un modo más sistemático, nuevo y amoroso-, y así descubrir dimensiones importantes de nuestra propia vida que, por alguna razón, han sido ignoradas hasta ahora.
Prestar atención de maneras nuevas es algo muy saludable y potencialmente curador. Por lo tanto, como veremos, en realidad no se trata de hacer alguna cosa, o de llegar hasta algún lugar. Se trata mucho más de ser: de darse permiso para ser lo que uno ya es y descubrir la integridad y el vasto potencial de este enfoque.
La verdadera aventura es, y siempre fue, nuestra vida entera…
La práctica de la atención plena tiene el potencial de convertirse en una compañía y un aliado para toda la vida.
Del libro VIVIR LA CATÁSTROFE TOTAL, de Jon Kabat-Zinn
MINDFULNESS E STRESS
Stress pode ser visto como a soma de respostas físicas e mentais causadas por determinados estímulos externos e que permitem ao indivíduo (humano ou animal) superar determinadas exigências do meio ambiente. Ou seja, stress faz parte da vida. Segundo Jon Kabat-Zinn, Mindfulness pode ser compreendido como prestar atenção intencionalmente no presente, de forma não reativa, acolhendo o que surgir na consciência, sem julgamentos. Atenção ao Corpo. Perceber melhor os sinais (físicos, emoções e sentimentos) pode nos proporcionar uma economia de energia, melhorando nossas relações através de respostas mais adequadas. Cotidiano. Identificar situações agradáveis e desagradáveis, mapeando sensações, pensamentos e emoções, ampliando assim nosso conhecimento pessoal Comportamentos automáticos. Perceber padrões repetitivos, ampliando nosso repertório. Comunicação. Sabemos falar? A nossa comunicação é eficaz, ou seja, conseguimos transmitir o que queremos? E sabemos escutar? Recebendo e tentando entender o que é falado? Num breve olhar a nossa volta percebemos o quanto uma comunicação falha está na raiz de tanto desconforto e desgaste. Através de propostas simples, a idéia principal é estar mais consciente de nós mesmos, percebendo sentimentos, sensações corporais e ampliando a prática para atos cotidianos.
Por Mariana Muller*, para Thereza Avila.
A prática do yoga costuma render resultados muito positivos para uma grande variedade de questões que vêm aparecendo com cada vez mais frequência: estresse, desânimo, ansiedade e depressão, entre outros. Porém o objetivo dessa prática tão antiga não é curar essas questões, como pode parecer. A prática oferece uma série de ferramentas que ajudam a se olhar para dentro sem ter que se elogiar ou criticar.
O que a yoga se propõe é simplesmente uma visão equânime do terreno interno que nós levamos uma vida para cultivar. Na Hatha Yoga, por exemplo, usamos o corpo físico como a principal forma de acessar essa visão. São exercícios que no corpo físico também alongam, fortalecem, aliviam tensões e criam espaços onde costumamos nos diminuir. O praticante, ao executar esses exercícios, é convidado a fazer um auto-exame sem a expectativa do desempenho.
E assim, além de nos distrairmos por um momento das correntes de pensamento que nos aprisionam, conseguimos ter uma visão particular de formas que respondemos aos desafios que a vida nos apresenta. De forma sutil e gradual, nos empoderamos então a fazer escolhas que possam ajudar a reverter e suavizar nosso caminho
*Mariana Müller, Professora de Yoga | www.marimulleryoga.com
Por Delia Dubroff
Con sus manos la niña / borda el conocimiento de sus abuelos... Con su pensamiento la anciana borda en hilos rojos el corazón... / Borda hilos quemados los latidos de una joven... El tiempo entra con tranquilidad /... hacia el ... escalón del infinito. ─ Ruperta Bautista Vázquez, "Bordadoras"
El arte textil es encontrar en el hacer el espacio que necesitamos y construimos para ser nosotros mismos. Nosotros insertados en un mundo complejo, fluido, incierto. Nosotros creándonos un proyecto para nosotros y para el otro. Es encontrar la sonrisa a pesar de las circunstancias. Es embellecer nuestra alma. Es cambiarnos y detener al que nos mira a escuchar nuestra voz. Es recuperar la voz.
Es sentir la aguja bailar con la música elegida, cómo libélulas que anuncian la lluvia que hará florecer el jardín. Dar color a las flores, a los pájaros, a las formas, a los días, los meses, los años. Es el dibujo al ser convertido en figura, luz y sombra, lleno y vacío, luz y sombra. Es atender el trazo, mientras la meditación serena el alma. Recordar el legado de la abuela –“me pinché, pobre mi niña”; – “Mamá, enhébrame, no puedo” –. El legado vuelve, abraza esos momentos, los recuerdos se convierten en postales transferidas al hoy.
Es elegir el punto. La mano aletea con el punto festón. Silencio y canto. Ensueño. No hay límite. Todo es posible. Es dejarse mecer, arrullar. La sonrisa, que ya no es mueca obligada, se ilumina. La pena no entra en esa trama.
Bordar es dejar afuera la herida. El duelo. El amor imposible. El patriarcado. La soledad. Es poner palabras a lo oculto. Sin juicio, sin censura. Pura libertad,: nadie puede detener ese acto de creación. Es encontrar el sano desborde del uno mismo para dejar salir el grito anudado en el corazón. Hacer nuevas alianzas con el presente y el futuro. Con uno y con los otros.
Responder entonces si el arte textil te aleja de lo triste, de lo depresivo, es casi la tautología mencionada. Aguja, hilo, tela, es sanación. El trazo que se dibuja es sanación. Pura sanación. No llega del diagnóstico ni de la pastilla, sino de la fuerza del yo que encuentra un mundo de paz y amor, donde la luz entra en la vida.
Delia Dubroff es artista textil, licenciada en Servicio Social, Psicología Social y Especialista en Educación a distancia.
Por Delia Dubroff
Com suas mãos a menina/borda o conhecimento dos seus avos… Com seu pensamento a mulher velha borda com linhas vermelhas o coração... / Borda com linhas queimadas os gemidos de uma jovem... O tempo flui com tranquilidade / ... até ele... degrau do infinito. ─ Ruperta Bautista Vázquez, "Bordadeiras"
A arte têxtil é encontrar no fazer o espaço que precisamos e construímos para sermos nós mesmos. Estamos inseridos em um mundo complexo, fluido e incerto. Estamos criando um projeto para nós e para o outro. É encontrar um sorriso apesar das circunstâncias. É para embelezar nossa alma. É mudar e deter quem nos olha para ouvir nossa voz. É para recuperar a voz.
É sentir a agulha dançando com a música escolhida, como libélulas que anunciam a chuva que fará o jardim florescer. Dar cor para as flores, os pássaros, as formas, os dias, os meses, os anos. É ver o desenho ser transformado em figura, luz e sombra, cheio e vazio, luz e sombra. É cuidar da linha enquanto a meditação se apodera da alma. Lembrar-se do legado da avó – “eu furei meu dedo”, “minha pobre menina”, “mamãe, não consigo me controlar".- O legado volta, abraça aqueles momentos, as memórias viram cartões-postais transferidos para o hoje.
É escolher o ponto. A mão abana com o ponto caseado. Silêncio e música. Sonhe. Não há limite. Tudo é possível. É se permitir ser balançado, acalmado. O sorriso que não é mais uma careta forçada se acende. A pena não entra nessa trama.
Bordar é deixar a ferida de fora. O duelo. O amor impossível. O patriarcado. A solidão. É colocar palavras no oculto. Sem julgamento, sem censura. Pura liberdade, ninguém consegue parar esse ato de criação. É encontrar o transbordamento saudável do eu para deixar sair o grito atado no coração. Fazer novas alianças com o presente e o futuro. Com um e com os outros.
Responder então se a arte têxtil o afasta do triste, do depressivo, é quase a tautologia mencionada. Agulha, linha, pano, é cura. A linha traçada é a cura. Cura pura. Não vem do diagnóstico nem da pílula, mas da força do eu que encontra um mundo de paz e amor e onde a luz entra na vida.
Delia Dubroff es artista textil, licenciada en Servicio Social, Psicología Social y Especialista en Educación a distancia.
O bordado pode ser entendido como mais um aprendizado, quando o objetivo é aprender o maior número possível de pontos; ou, melhor ainda, usar os pontos aprendidos para expressar texturas, relevos, nuances ou seja, emoções, pensamentos, sentimentos. O começo é uma provocação, risco pequeno, no centro do tecido, e eis que surgem as imagens que vão compondo aquela cena. Grande, pequena, colorida, monocromática, com pedras, com tinta, com contornos fortes ou apenas insinuado, o que vai surgindo só cessa quando se olha e ai está! Terminei! Bordar o feminino com mulheres é evocar todo esse universo imenso, celebrando e tornando palpáveis esses símbolos, perpetuando o trabalho com agulhas, linhas, pedrarias, tecidos e o que couber. Qualquer idéia se borda em qualquer abordagem. É só começar.
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